ORGÁSTICO*

deitada3Telefonar à noiva foi a primeira coisa que fez, quando acordou, naquela manhã chuvosa de sexta-feira. Ela não atendeu. E ele deixou uma mensagem apaixonada na secretária eletrônica. Trechos de um poema, cujo autor ela nunca ouvira falar.

***

Solange tinha acabado de atingir o orgasmo quando bateu o telefone. Não iria atender, mesmo que quisesse. Flutuava, entorpecida, sentindo latejar os músculos da perna. Triste admitir. Nelson era bom. Carinhoso, amigo, excelente caráter. Não tinha vícios. Trabalhador. Genro dos sonhos de toda sogra. E gostava de poesias.

O fato de ser tão especial, querido por seus pais e amigo de seus amigos, não era suficiente. Todas as suas paixões sempre foram carnais, pulsantes. Com o Nelson era diferente. Insosso. Não tinha aquela pegada firme. Deixava sempre a sensação de quero mais.

*Nova edição do conto publicado em 2004; “Contos para ler cagando”.

Deixe um comentário